(Este texto é parte integrante do livro Pai de Menina: Bem-vindo ao Mundo Cor de Rosa, de Eduardo Buzzinari)
Ela
se parece com a mãe... Ou será com o pai?
Prepare-se,
parceiro.
Essa
é uma das coisas que você mais irá ouvir depois que a pivetinha nascer. Esquece
aquele papo de que neném tem cara de joelho. Nada disso. Logo, logo, você vai
perceber que todas as pessoas que forem à sua casa conhecer a pequerrucha, irão
arriscar o seu palpite. Coluna um para os que acham que a princesa se parece
com a mamãe. Coluna dois para quem aposta no papai. E coluna do meio para os
que quiserem ser politicamente corretos e declarar que ela se parece com os
dois em igual medida de proporção e simetria. Pode ir se acostumando à loteria
do achismo.
E
nem adianta proibir as visitas com a desculpa de que a menina é recém-nascida.
Até porque, cedo ou tarde, você vai ter sair com ela nas ruas e então... Haja
palpite desconjuntado!
Mais
engraçado é quando o visitante teima em dizer que, ao invés de se parecer com o
pai e a mãe, a criança se parece mesmo é com ele próprio. Minha mãe, por
exemplo, cismou que o dedo mindinho do pé esquerdo da minha filha era
exatamente igual ao dela. Um pouquinho mais levantado em relação aos demais.
Mas, tudo bem. Mãe é mãe. Aliás, vó é vó, tem todo o direito de reivindicar um
pedacinho da netinha para ela. O pior é aquele primo de terceiro grau sem
noção, que você não via desde as férias de 98 e é mais feio que indigestão de
torresmo, olhar para a cara da pequena e disparar a seguinte pérola: Acho que ela puxou o primo!
Aí,
você não sabe se ri, se chora ou se bate a cabeça na parede (a dele, é claro!).
Na
moral, o infeliz é capaz de espantar o capeta com um sorriso, parece ter sido
feito do lado avesso e só não é mais feio porque não tem irmão gêmeo; aparece
na sua casa sem ter sido convidado, acorda a menina que tava dormindo e ainda faz o desaforo de falar uma coisa dessas. Não
dá, né? Depois, vão dizer que você é mal educado quando se esquecer de entregar
o convite dele pra festinha de um ano...
Ai,
ai.
Você
ainda vai passar por isso, parceiro...
Pode
ter certeza.
Até
porque esse assunto das parecenças dá
muito mais pano pra manga do que você imagina. E não raro deflagra uma
verdadeira guerra entre as famílias do papai e da mamãe, que passam a disputar
os traços físicos do bebê com a voracidade de quem briga por territórios no
tabuleiro do war.
É
um tal de falar que os olhos são da mãe, que o nariz é do pai, que a boca é de
não-sei-quem e, às vezes, aparece até um desorientado para dizer que o cotovelo
(o cotovelo?) é igualzinho ao da tia Marieta. É mole?
Bom,
em linhas gerais, a coisa funciona assim: na presença dos parentes do pai,
todos vão concordar que a princesinha puxou os atributos paternos. Inclusive a
mamãe (resignada, embora incomodada). Já na frente da família materna, é a vez
do papai admitir que ela é a cópia em miniatura, carimbada e autenticada, da
mãe. E ainda vai aparecer uma tia solteirona com uma foto antiga para ficar
comparando com o rostinho da menina.
Até
aí, nada demais.
O
problema todo acontece quando as duas famílias se juntam sob o mesmo teto (o
que certamente vai ocorrer em algumas situações como o batizado, o primeiro
aniversário...). É nessa hora que a chapa esquenta. E não basta ficar
cronometrando o tempo que a pequenina passa no colo de cada avó, nem tentando
defendê-la dos apertões das tias corujas. O babado vai muito além. E
dificilmente você terminará o dia sem intermediar uma discussão calorosa e
efervescente sobre a origem genealógica dos olhos da piveta.
Ah...
E quando alguém finalmente disser que ela se parece com você, sempre vai surgir
um engraçadinho com aquela velha piada sem graça: tadinha, o importante é que tem saúde...
Já
estou até acostumado.
E,
pra dizer a verdade, nem ligo.
Até porque eu sei que
ela é a cara do pai.
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