(Este texto é parte integrante do livro Pai de Menina: Bem-vindo ao Mundo Cor de Rosa, de Eduardo Buzzinari)
Ser
pai de menina é ter que
aprender a dar laços em vestidos, a pentear os cabelos da filha e a passar
esmalte nas unhazinhas dela. É estar disposto a brincar de bonecas, a pular
amarelinha e a inventar histórias de bichinhos. É achar natural colecionar
figurinhas cor de rosas e se emocionar com filmes de princesas.
É
trocar os heróis da liga da justiça por um grupo esquisito de fadinhas
encantadas. É torcer para que o mocinho beije a mocinha no final da aventura no
cinema. É passar horas colorindo estrelinhas e desenhando coraçõezinhos
atravessados por flechas numa folha de papel. É finalmente experimentar (ou redescobrir)
a cor de rosa na caixa de lápis de cor.
Ser
pai de menina é acordar que nem um zumbi pra trocar fraldas e se desmanchar
quando a baixinha abre aquele sorriso no meio da madrugada. Aquela
banguelinha... É pegar a filha no colo e levantá-la bem alto, enquanto a mamãe
grita cuidado pra não cair. E ela só
rindo. É ir à apresentação de balé no fim do ano e ficar o tempo todo tirando
fotos na primeira fila da platéia. É saber de cor a letra das musiquinhas de
ninar e se pegar cantando sozinho, sem querer, enquanto muda de roupa para ir
trabalhar. É sentir na própria pele a agulha da vacina e fazer cara feia pra
enfermeira que fez sua garotinha chorar.
É
pegar na mãozinha dela pra entrar no mar e ouvi-la dando um gritinho quando a
primeira onda lhe chega aos pezinhos. É ficar feliz da vida quando alguém se
aproxima e diz é a cara do pai. E não
é que é? É detestar a hora do com quem
será nas festinhas de aniversário. É levar a pequena correndo para colocar
os brinquinhos ainda nas primeiras semanas de vida. É entender de xuquinha,
laço de fita e comida de mentirinha. É perder a esportiva quando os amigos vêm
com aquele papo atravessado de fornecedor.
Que ideia mais torta...
Ser
pai de menina é vigiar como um cão de guarda a entrada do berçário. É sentir a filha
dormindo serena e tranquila sobre seu peito e ignorar solenemente a opinião dos
especialistas que recomendam o berço. É ensinar a boneca a arrotar refrigerante
e a dar risada depois. É morrer de orgulho quando ela sobe mais alto que
qualquer menino no trepa-trepa do parque. É ficar todo bobo de vê-la andando
meio atrapalhada com os sapatos de salto da mãe. É não ter vergonha de admitir
o ciúme de vez em quando. É sentir cortar o coração quando vê descer uma
lágrima dos olhinhos dela. É carregar para sempre na lembrança uma pequena
bailarina que não cresce jamais.
É descobrir que não existe um dia igual ao outro e que a vida não foi feita com manual de instruções.
É descobrir que não existe um dia igual ao outro e que a vida não foi feita com manual de instruções.
É ser o primeiro
amor da sua filha e nela descobrir o mais puro e doce dos amores.
Amor
que não se mede.
E,
sobretudo, é se derreter feito manteiga quando aquelas duas jabuticabinhas se
abrirem ao mundo e encontrarem seus olhos pela primeira vez ainda na sala do
hospital.
Se segura, parceiro.
Você vai se
apaixonar.
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