segunda-feira, 14 de março de 2016

A Fase do Não


(Conheça o livro Pai de Menina: Bem-vindo ao Mundo Cor de Rosa, de Eduardo Buzzinari)


Não, não e não!
Taí a mais nova palavra favorita da minha filha.
Desde que aprendeu a juntar essas três letrinhas, a pivetinha não fala outra coisa. Tudo que se pergunta – por mais curioso que seja – ela responde com um sonoro e estrondoso não.
- Lara, você quer papar?
- Não!
- Você quer água?
- Não!
- Você viu meus chinelos?
- Não!
- Você já fez pipi?
- Não!
- Você gosta do papai?
- Não!
- Então posso ir embora?
- Não!

Dizem os especialistas que a fase do não faz parte do desenvolvimento infantil e se inicia por volta dos dois anos de idade. É nesse período que a criança percebe que pode ter uma opinião própria sobre determinados assuntos, o que será fundamental para a definição de sua personalidade. Pois é. A baixinha está mesmo crescendo, quem diria... E aqui vai um alerta aos navegantes! É nessa etapa que a filha começa a testar autoridade dos pais e a explorar os limites da sua paciência ao rejeitar seus comandos.
- Lara, vem falar com a vovó!
- Não.
- Lara, tá na hora do banho!
- Não.

E o que fazer? O fundamental é manter a calma e tentar imaginar soluções criativas para contornar esses inevitáveis impasses do dia-a-dia. Uma boa alternativa ao problema – que nem sempre funciona, vou logo avisando – consiste em oferecer opções claras e objetivas para que a criança tenha a falsa sensação de que possui as coisas sob controle. Por exemplo:
- Você quer vestir a blusinha branca ou a amarela?
- Você quer beber leite ou suco?

É claro que não se pode lançar mão desse expediente quando só houver uma resposta aceitável, como no caso de sentar a menina na cadeirinha e colocar o cinto de segurança dentro do carro.
E lembre-se que nem sempre o não significa a negação de um conceito. Às vezes, a criança fala não porque está aborrecida ou simplesmente cansada. Isso geralmente acontece quando ela recusa algo que seja de seu agrado (como um brinquedo novo) e pode estar associado a uma portentosa birra. Nesses casos, nem chocolate resolve... Outras vezes, o não é dito por mero hábito ou força de expressão e não quer dizer nada mesmo.
- Lara, você quer ir embora?
- Não.
- Então você quer ficar?
- Não.

Existem casos, ainda, em que o não quer dizer sim, o que pode parecer meio complexo à primeira vista, embora perfeitamente compreensível por uma mãe ou um pai experimentado no assunto. O certo é que saber interpretar um não é uma arte de raro talento e requer certa dose de experiência do ouvinte.
Mas não há nada que a paternidade não resolva.
E, com um pouco de paciência, qualquer novo papai ou mamãe estará habilitado a identificar os mais diversos tipos de não. Portanto, não entre em pânico quando a pivetinha se recusar a atender às suas ordens. Nem sempre o não da sua filha significa um desafio à sua autoridade. Na maioria das vezes, ela estará apenas testando a sonoridade das letras e se divertindo com o impacto que essa palavrinha causa ante a reação inusitada das pessoas.
E logo, logo essa fase passa.
         Ou não.

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