(Conheça o livro Pai de Menina: Bem-vindo ao Mundo Cor de Rosa, de Eduardo Buzzinari)
Volta e meia, o ser humano
me surpreende. Às vezes, fico pensando em como o homem – que foi capaz de criar
coisas fantásticas como o ônibus espacial, a escada rolante e a barra de
chocolate meio amargo com castanhas – ainda hoje continua a separar brinquedos
de menina e de menino.
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Peraí... E brinquedo tem
sexo?
Não deveria, mas tem sim.
Basta entrar numa loja de
departamentos qualquer para constatar que existe o lado masculino, o lado
feminino e um território neutro entre uma prateleira e outra, onde se localizam
os jogos de tabuleiro e outros brinquedos enquadrados na categoria unissex. É
ou não é assim?
Pior que isso é perceber
que os meninos podem ser astronautas, cavaleiros, lutadores, cientistas ou
pilotos de corrida; e que as meninas podem optar entre cozinhar, lavar, passar,
limpar a casa ou cuidar dos bebês. Segundo fontes de pesquisa, o brinquedo mais
vendido para as pequeninas, no ano passado, foi uma pia de lavar louça que
esguicha água de verdade... Fala sério! É decepcionante ver que ainda criamos
nossas filhas para o serviço doméstico, exatamente como se fazia há duzentos
anos atrás – uma época em que as mulheres não votavam, não trabalhavam e ainda
chamavam o marido de meu senhor. O tempo passou, mas continuamos
a repetir os mesmos padrões de comportamento com os quais fomos criados. Até
quando?
Já está na hora de
revermos esses conceitos, parceiro.
Tenho certeza de que minha
filha não se tornará menos feminina se quiser andar de skate, jogar futebol ou
se vestir de super-herói. E o mesmo vale para os meninos. Brincar de bonecas,
por exemplo, pode ser um ótimo exercício para um futuro papai amoroso, que
aprenderá, desde cedo, o papel do homem na divisão de tarefas domésticas.
Afinal, brinquedo não é de
menina ou de menino.
É de criança!
Que mal tem uma garota
gostar de carrinhos ou um garoto querer ser cabeleireiro?
Respeito e tolerância são as
melhores lições que posso passar para minha filha, esteja ela brincando num
castelo de piratas ou numa cozinha de mentira. Aliás, ela pode ser o que quiser
no mundo da fantasia. Inclusive uma boa dona de casa – por que não? Mas será
criada para descobrir a cura do câncer, reescrever a teoria dos buracos negros
e, se preciso, salvar o planeta de uma invasão alienígena.
E, se nada disso der
certo, que pelo menos deixe o mundo um pouco melhor do que era antes dela
nascer. E, para mim, é o que importa.
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