(Este texto é parte integrante do livro Pai de Menina²: Como Sobreviver com Duas Filhas, de Eduardo Buzzinari)
“Por que eu nasci?”
“Por que tenho que comer
tudo?”
“Por que o canudo da
lanchonete é amarelo?”
É isso aí, parceiro!
Bem-vindo à fase dos porquês!
Ah, os porquês...
Se esse assunto já era
complicado nas aulas de português, será ainda duas vezes pior na boca da sua
pivetinha. Pode apostar! E pode ir se preparando para todo tipo de pergunta
improvável, imprevisível, inacreditável e irrespondível. A imaginação da sua
filha não conhece fronteiras. E suas dúvidas não respeitam as limitações do
cérebro humano, do conhecimento científico ou da barra de pesquisa do google.
Nada escapa à sua
curiosidade voraz. Nada.
E cabe aos pobres do papai
e da mamãe a espinhosa tarefa de desvendar os mistérios mais inusitados do
imaginário infantil. De banalidades do cotidiano a dilemas de alta complexidade
filosófica. Tudo junto e misturado.
“Qual o tamanho do
universo?”
“Por que não posso entrar
na piscina agora?”
“O que acontece depois que
a gente morre?”
“Quem era o goleiro da
seleção na copa de 74?”
“Como o coelho da páscoa
bota ovo se ele é mamífero?”
E o pai explode antes de
bater a cabeça na parede.
- Calma, pelamordedeus! Uma pergunta de cada vez!
O homem caminha pela face da Terra há cinquenta mil anos sem saber de onde veio
e para onde vai e você quer todas as respostas em cinco minutos! Pai também tem
direito à dúvida!
Mas não adianta
reclamar... Pai e mãe precisam saber um pouquinho de cada assunto – pelo menos
o bastante para ensaiar um improviso minimamente plausível – já que os
baixinhos nunca aceitam o silêncio como resposta. E haja pergunta! Por quê? Por
quê? Por quê? Parece que os porquês vão se sucedendo numa escalada vertiginosa
rumo ao infinito. Sem pausa para tomar fôlego. E, muitas das vezes, desembocam
num interminável círculo vicioso de insistência.
- Por que tenho que comer?
- Para crescer e ficar
forte.
- Por que tenho que
crescer?
- Para trabalhar.
- Por que tenho que
trabalhar?
- Para ganhar dinheiro.
- Por que tenho que ganhar
dinheiro?
- Para comprar comida.
- E por que tenho que
comer?
Em outras ocasiões, os
questionamentos dos pequeninos esbarram numa partícula indivisível e
inexplicável do conhecimento humano. Como num quebra-cabeça em que sempre falta
uma peça.
- Como eu nasci?
- O papai plantou uma
sementinha na barriga da mamãe e tal e coisa e coisa e tal... (você já conhece
essa história)
- Mas como nasceu o
primeiro homem?
- Bom, o Papai do Céu o
criou a partir do barro...
- E como nasceu o Papai do
Céu?
- Hã...
Estudos recentes indicam
que uma criança na faixa dos três anos pode chegar a fazer trezentas perguntas
por dia. Tre-zen-tas. É muito ponto de interrogação para a cabeça de qualquer
papai ou mamãe. Eu aposto que nem no vestibular você teve que encarar tanta
dúvida pela frente – e sem as opções de múltipla escolha dessa vez!
Pensando nisso – e para
encerrar o capítulo – preparei uma lista das perguntas mais frequentes do
imaginário infantil e sugestões de respostas para que você não fique gaguejando
na frente da sua filha quando ela vier com aquela avalanche de interrogações.
Lembre-se de que a regra de ouro é falar a verdade! Mas não fique grilado se
tiver que contar uma mentirinha inocente para evitar uma resposta embaraçosa ou
complicada demais para a cuca da baixinha.
Então lá vai o
questionário:
- Pai, por que o céu é
azul?
- Porque se fosse branco
ninguém iria enxergar as nuvens.
- Existem extraterrestres
no espaço?
- Claro que sim. Seu Tio
Marcelo, por exemplo. Tenho certeza de que ele veio de outro planeta.
- Por que os dinossauros
desapareceram da Terra?
- Foi de tanto fazerem
malcriação. Se eles escovassem os dentes direitinho todos os dias, estariam por
aí até hoje.
- O que são namorados?
- São uns monstros
horríveis que ficam querendo te levar para longe do papai. Deixa que eu te
protejo deles.
- De onde vêm os bebês?
- Pergunta essa para sua
mãe que ela entende desse assunto melhor que eu.
- É verdade que o Papai
Noel mora no Polo Norte?
- É sim. Até porque, se
ele morasse no Rio, ia morrer de calor com tanta roupa.
- Por que tenho que ir à
escola?
- Porque a escola não tem
como vir até você. Ela não anda.
- Quanto é um trilhão
vezes infinito?
- Um montão de números.
Vou fazer a conta e te respondo amanhã sem falta.
- Por que cachorro não
fala?
- Mas eles falam sim. Só
que na língua deles.
- Quem inventou a batata
frita?
- Algum desocupado com
tempo de mais e filhos de menos.
- Por que existe gente
malvada no mundo?
- Boa pergunta. Taí uma
coisa que eu também queria saber.
E, por último, minha
resposta favorita para escapar de qualquer tipo de enrascada:
- Por que tenho que dormir
tão cedo?
- Porque eu sou seu pai e
sou eu quem mando.
E ponto final.
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