O livro Pai de Menina: Bem-vindo ao Mundo Cor de Rosa virou notícia na
Revista On de Três Rios/RJ, que publicou uma entrevista com o autor na
seção 5 perguntas. A reportagem é de Frederico Nogueira.
Segue a íntegra da entrevista:
1 - Qual foi o momento que percebeu que a paternidade poderia render
um livro?
A ideia foi surgindo aos poucos, ao longo da gestação da minha filha
Lara, como uma brincadeira entre minha esposa e eu. Eram tantas situações
engraçadas e vividas de uma maneira tão especial que achei que elas mereciam
ser registradas de alguma forma. Então, comecei a escrever pequenas crônicas
sobre cada etapa da gravidez e, em pouco tempo, o projeto foi tomando a forma
de uma espécie de manual. Passei a compartilhar os textos com alguns amigos que
já eram ou também seriam papais de meninas e o resultado rendeu boas risadas.
Até que um deles me disse: Adorei o seu
livro! E foi aí que pensei: É, acho
que isso daria um livro...
2 - O livro foi escrito com
diversos recursos de linguagem, como prosa, crônicas, diálogos, entre outros.
Todas as situações foram de alguma forma vivenciadas por você ou há textos a
partir de observações do cotidiano?
A maioria das situações foi genuinamente vivenciada por minha esposa
e eu. O capítulo que narra a compra do bercinho pela internet e as peripécias
da respectiva montagem, por exemplo, descreve exatamente o que aconteceu
conosco na ocasião. Sem tirar, nem pôr. De resto, é claro que nem tudo é
verdade. E muitos dos detalhes escritos foram inventados ou exagerados ao ponto
de caricatura, sempre para dar um toque de humor à narrativa.
3 - Quanto tempo levou desde a
ideia de escrever o livro até a conclusão?
Foi bem menos do que eu imaginava. Quase todos os capítulos foram
escritos num período de quatro a cinco meses, entre o fim da gestação da minha
filha e seus primeiros meses de vida. Tentei utilizar a linguagem mais
coloquial possível para que o livro tivesse o aspecto de um bate-papo entre
amigos, de modo a tornar a leitura leve e descontraída - o que, de certa forma,
facilitou o trabalho de escrever.
4 - O humor, que é ponto forte
dos textos, está distante da sua atuação profissional diária. Acredita que os
textos surpreendam quem conhece seu trabalho como magistrado?
Talvez sim. Mas o bacana é que isso ajuda a humanizar a figura do
Juiz, quase sempre identificado como um homem austero e mal-humorado, cercado
pelo estigma da severidade. Por debaixo da toga, o Juiz é uma pessoa como
qualquer outra, com todas as paixões e fraquezas humanas. Em matéria de
sentimento, não vejo diferença entre eu e o preso que me pede para dar um beijo
na filha recém-nascida ao fim de uma audiência criminal.
5 - E, afinal, o que é ser pai
de menina?
É entrar no
carrinho de uma montanha-russa, despencar numa descida vertical de cento e
vinte metros a uma velocidade de zunir os ouvidos, emendar três loopings seguidos e parar de cabeça para
baixo no topo da curva. Só conhece essa sensação quem já andou numa
montanha-russa cujo carrinho deu defeito no ponto mais alto de um giro em
trezentos e sessenta graus e quem é pai de menina. Muitos dos quais garantem
que estão de cabeça para baixo até hoje.
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